sexta-feira, 17 de junho de 2011

Energia Eólica no Brasil

   A avaliação do potencial eólico de uma região requer trabalhos sistemáticos de coleta e análise de dados sobre a velocidade e o regime de ventos. Geralmente, uma avaliação rigorosa requer levantamentos específicos, mas dados coletados em aeroportos, estações meteorológicas e outras aplicações similares podem fornecer uma primeira estimativa do potencial bruto ou teórico de aproveitamento da energia eólica.
  Para que a energia eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, é necessário que sua densidade seja maior ou igual a 500 W/m2, a uma altura de 50 m, o que requer uma velocidade mínima do vento de 7 a 8 m/s. Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, em apenas 13% da superfície terrestre o vento apresenta velocidade média igual ou superior a 7 m/s, a uma altura de 50 m. Essa proporção varia muito entre regiões e continentes, chegando a 32% na Europa Ocidental.
   Mesmo assim, estima-se que o potencial eólico bruto mundial seja da ordem de 500.000 TWh por ano. Devido, porém, a restrições socioambientais, apenas 53.000 TWh (cerca de 10%) são considerados tecnicamente aproveitáveis. Ainda assim, esse potencial líquido corresponde a cerca de quatro vezes o consumo mundial de eletricidade.
  No Brasil, os primeiros anemógrafos computadorizados e sensores especiais para energia eólica foram instalados no Ceará e em Fernando de Noronha (PE), no início dos anos 90. Embora os aproveitamentos eólicos sejam recentes, já contamos com diversas plantas do território nacional. Hoje estimasse que o potencial eólico no Brasil seja superior a 60.000 MW. 
  O Ceará tem chamado a atenção dos pesquisadores, pois, por ter sido um dos primeiros locais a realizar um programa de levantamento do potencial eólico através de medidas de vento com anemógrafos computadorizados, mostrou um grande potencial eólico. Em Minas Gerais, existe uma central eólica que está em funcionamento, desde 1994, em um local (afastado mais de 1000 km da costa) com excelentes condições de vento.
  A capacidade instalada no Brasil é de 28.625 kW com turbinas eólicas de médio e grande porte conectadas à rede elétrica. Além disso, existem cinco empreendimentos em construção com potencia de 208.300 kW. 
  Para construir uma usina eólica é necessário que alguns pontos sejam observados:


quinta-feira, 16 de junho de 2011

Exemplos de Usinas Eólicas

Arquipélago de Fernando de Noronha-PE:  a primeira turbina foi instalada em junho de 1992, a partir do projeto realizado pelo Grupo de Energia Eólica da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, com financiamento do Folkecenter (um instituto de pesquisas dinamarquês), em parceria com a Companhia Energética de Pernambuco – CELPE. Na época em que foi instalada, a geração de eletricidade dessa turbina
correspondia a cerca de 10% da energia gerada na Ilha, proporcionando uma economia de aproximadamente 70.000 litros de óleo diesel por ano A segunda turbina foi instalada em maio de 2000 e entrou em operação em 2001.

Central Eólica Experimental do Morro do Camelinho – MG: instalado em 1994, no Município de Gouveia – MG, com capacidade nominal de 1 MW, o projeto foi realizado pela Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, com o apoio financeiro do governo alemão (Programa Eldorado). A central é constituída por 4 turbinas de 250 kW, com rotor de 29 m de diâmetro e torre de 30 m de altura.

Central Eólica de Taíba – CE: localizada no Município de São Gonçalo do
Amarante – CE, a Central Eólica de Taíba, com 5 MW de potência, foi a primeira a atuar como produtor independente no País. Em operação
desde janeiro de 1999, a central é composta por 10 turbinas de 500 kW, geradores assíncronos, rotores de 40 m de diâmetro e torre de 45 m de altura.


Central Eólica de Palmas – PR: inaugurada em 2000, trata-se da primeira central eólica do Sul do Brasil, localizada no Município de Palmas – PR, com potência instalada de 2,5 MW. Realizado pela Companhia Paranaense de Energia – COPEL e pela Wobben Windpower (do Brasil), o projeto foi inaugurado em novembro de 1999, com 5 turbinas de 500 kW.

Central Eólica Mucuripe – CE: situada em Fortaleza - CE, esta central tinha potência instalada de 1.200 kW. Desativada em 2000, foi posteriormente repotenciada e passou a contar com 4 turbinas eólicas
E-40 de 600 kW (2.400 kW).




Parque Eólico de Rio do Fogoé o segundo maior parque eólico do Brasil localizado na cidade de Rio do Fogo (distante 81 km de Natal) no estado brasileiro do Rio Grande do Norte. O Parque Eólico Rio do Fogo tem 62 aerogeradores e capacidade instalada para produzir 49,3 Mega Watts (MW), ou 800 kW para cada um dos aerogeradores distribuídos em uma enorme área de dunas, relativamente próximo à praia.


Horns Rev 2 - Dinamarca: entrou em operação em 2009 como o maior campo de energia eólica instalado em águas do mundo. O campo fica a 30 quilômetros da costa, no Mar do Norte, tem 91 turbinas e irá produzir 209 megawatts, por ano, o suficiente para abastecer uma cidade de 200 mil habitantes, o que representa 2% do consumo de energia do país.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Investimentos em Energia Eólica

    Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), até 2013, serão investidos nos país cerca de R$ 25 bilhões em 141 projetos espalhados por diferentes Estados.
O volume de energia que será gerado pela força dos ventos será de 5.272 MW, valor superior aos 4.500 MW previstos para a Usina Belo Monte, no Xingú. Em 2005, o Brasil produzia apenas 29 MW de energia eólica, mas com o investimento, em menos de dois anos, poderá chegar ao valor estimado, segundo reportagem do jornal 'O Globo'. 
  Com o investimento, o País quer sair na frente na corrida pela geração de energia sustentável, hoje liderada pela China e seguida pelos EUA. Além de produzir energia, o Brasil quer também se transformar em uma plataforma de exportação de equipamentos para a construção de usinas eólicas.
  A energia eólica poderá reduzir a operação da usinas térmicas a gás natural, além de ser uma energia limpa, que não necessita de petróleo. Segundo o presidente da Abeeólica, Ricardo Simões, hoje, este tipo de energia corresponde a 0,7% do total de eletricidade do país, porém em 2013, poderá chegar a 4,3%.

Obras da Usina Eólica Porto do Delta iniciarão em 2011

   A empresa Tractebel Energia S.A emitiu a ordem de início das obras do Parque Eólico Porto do Delta, em Parnaíba. O Governo do Estado atuou de forma imprescindível para a instalação da usina no Piauí que terá capacidade instalada de 30 MW. A Tractebel prevê a construção de cinco usinas eólicas no Nordeste, uma no Piauí e quatro no Ceará - totalizando 145,6 MW de capacidade instalada e investimento de R$ 630 milhões.

Aspectos Quantitativos

Atualmente, a energia eólica é utilizada em larga escala no mundo. Na última década, sua evolução demonstra sua aceitação como fonte geradora, com tendências de crescimento expressivo relativamente às matrizes energéticas dos paises que a utilizam. Hoje, existem mais de 30.000MW de capacidade instalada no mundo. A maioria dos projetos está localizada na Alemanha, Dinamarca, Espanha e Estados Unidos.

Na Dinamarca, a contribuição da energia eólica equivale a 12% da energia elétrica total produzida no país; no norte da Alemanha, região de Schleswig Holstein, a contribuição eólica já passou de 16%; e a União Européia tem como meta, até 2030, gerar 10% de toda eletricidade a partir do vento. O Brasil tem grande potencial eólico: cerca de 140 gigawatts, segundo o Atlas Eólico Brasileiro publicado pelo CEPEL (Centro de Pesquisas Elétricas da Eletrobrás), concentrado principalmente nas regiões litorâneas, sobretudo na região nordeste.

Um dos problemas do sistema de produção elétrica é que o vento não sopra com a mesma intensidade durante todo o ano, ele é mais intenso no verão quando o ar se movimenta do interior quente para o litoral mais fresco. Cada turbina produz entre 50 a 300 kilowatts de energia eléctrica. Com 1000 watts podemos acender 10 lâmpadas de 100 watts; assim, 300 kilowatts acendem 3000 lâmpadas de 100 watts cada. 

O custo da energia eólica em escala pública foi reduzido drasticamente nas últimas duas décadas devido aos avanços tecnológicos e de projeto na produção e instalação da turbina. No início dos anos 80, a energia eólica custava cerca de US$ 0,30 por kWh. Já em 2006, a energia eólica custava de US$ 0,03 a 0,05 por kWh nas áreas de vento abundante. Quanto maior a regularidade dos ventos em uma determinada área de turbinas, menor o custo da eletricidade gerada pelas mesmas.

Comparação de custos da energia
Tipo de recurso
Custo médio (centavos de US$ por kWh)
2-5
3-4
Carvão (em inglês)
4-5
Gás natural (em inglês)
4-5
Vento
4-10
Geotérmica (em inglês)
5-8
Biomassa (em inglês)
8-12
10-15
15-32
Fontes: Associação Americana de Energia Eólica, Wind Blog, Stanford School of Earth Sciences.

Potencial Eólico Brasileiro



Usinas Eólicas em Operação
UsinaPotência (kW)Município
Eólica de Prainha10.000Aquiraz - CE
Eólica de Taíba5.000São Gonçalo do Amarante - CE
Eólica-Elétrica Experimental do Morro do Camelinho1.000Gouveia - MG
Eólio - Elétrica de Palmas2.500Palmas - PR
Eólica de Fernando de Noronha225Fernando de Noronha - PE
Mucuripe2.400Fortaleza - CE
RN 15 - Rio do Fogo49.300Rio do Fogo - RN
Eólica de Bom Jardim600Bom Jardim da Serra - SC
Eólica Olinda225Olinda - PE
Parque Eólico do Horizonte4.800Água Doce - SC
Macau1.800Macau - RN
Eólica Água Doce9.000Água Doce - SC
Parque Eólico de Osório50.000Osório - RS
Parque Eólico Sangradouro50.000Osório - RS
Parque Eólico dos Índios50.000Osório - RS
Total: 15 Usina(s)Potência Total: 236.850 kW

Vantagens e Desvantagens da Usina Eólica

Vantagens

 *  É inesgotável;
 *  Não emite gases poluentes nem gera resíduos;                             
 *  Diminui a emissão de gases de efeito estufa;
 *   Reduz a elevada dependência energética do exterior;
 *   É uma das fontes mais baratas de energia podendo competir em termos de rentabilidade
com as fontes de energia  tradicionais;
Os parque eólicos são compatíveis com outros usos e utilizações do terreno como a
agricultura e a criação de gado;
*   Criação de empregos;
*   Geração de investimento em zonas desfavorecidas.

Desvantagens

         *  Pode ser ultrapassado com as pilhas de combustível (H2) ou com a técnica da bombagem hidroelétrica;
        * A instalação dos parques eólicos gera uma grande modificação da paisagem, provocando um impacto visual considerável, principalmente para os moradores em redor;      
       * Impacto sobre as aves do local: principalmente pelo choque destas nas pás;
      * Impacto sonoro;  as habitações mais próximas deverão estar, no mínimo a 200m de distância.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Entrevista sobre Energia Eólica

O Brasil é a nova China em energia eólica

O Brasil se tornou a bola da vez em energia eólica na visão das empresas que atuam no setor, posição detida pela Argentina no final dos anos 1990. Essa é a razão do desembarque das grandes empresas do segmento para disputar os leilões que vêm sendo promovidos pelo governo federal desde o final de 2009. “Todos querem encontrar a nova China e o Brasil está no topo da lista”, diz Steve Sawyer, secretário-geral da Global Wind Energy Council (GWEC).

A capacidade instalada de energia eólica no País era de 606 megawatts em 2009, segundo dados da GWEC, organização não governamental com sede em Bruxelas, na Bélgica, que trabalha pelo desenvolvimento do setor em todo o mundo. No ano passado, diz a entidade, foram acrescentados mais 326 megawatts à capacidade brasileira, elevando o total para cerca de 930 megawatts, quase metade do que está disponível em toda a América Latina.

O norte-americano Sawyer, secretário-geral da GWEC, está bastante otimista com o Brasil. Ele está em São Paulo para o “Wind Forum Brazil 2011”, que se realiza até amanhã. Em entrevista ao iG, disse que o Nordeste brasileiro tem uma das melhores condições climáticas para a geração de energia a vento.
“A taxa de geração de energia de uma turbina de um megawatt é aproximadamente 27% da capacidade plena, na média de diversas usinas no mundo, por ano. No Brasil, há locais em que essa taxa chega a 45% ou 50%. Pode-se dizer que os melhores locais estão no Ceará e no Rio Grande do Norte, com duas vezes mais capacidade de geração que a Alemanha”, conta o executivo.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:
iG: América Latina já tem uma boa produção de energia eólica ou está em um estágio inicial?
Steve Sawyer: América Latina está num estágio inicial, com o Brasil na liderança, onde deveria estar, mas todos ainda no começo. Porém com o desenvolvimento nos últimos seis ou sete anos, principalmente nos últimos 12 a 18 meses, acho que a indústria no Brasil está entrando no seu caminho. Isso pelos acordos e anúncios do resultado do primeiro leilão de energia eólica ocorrido em 2009, do segundo, ocorrido no ano passado, e próximo que ocorrerá em junho. Investidores internacionais e empresas agora têm uma visão clara de como o mercado deve ser.
Os leilões e o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, do governo federal) garantiram contratos de investimentos na geração de 500 megawatts (MW), sem contar os próximos leilões que ocorrerão neste ano. E há o comprometimento do governo de que fará leilões de outro tanto a cada ano.
Porém penso que o maior sinal é que, desde o leilão de dezembro de 2009, vimos Alston, Gamesa, GE, Siemens, Suzlon e LM Glass Fiber, os maiores integrantes desse setor, se comprometendo a investir e os investimentos virão rápido, acredito.
iG: Quanto você calcula que eles irão investir?
Sawyer: Construir uma usina de geração eólica não requer um investimento enorme, algumas dezenas de milhões de dólares. Não é como uma usina siderúrgica ou algo assim. Mas o tamanho de cada usina, o que irão gerar em empregos e o que irão demandar de capital dependem do desenvolvimento do mercado. Por fim, todas essas grandes companhias têm de reconhecer que o Brasil será um mercado forte e que, pelos nossos cálculos, fará valer os investimentos.
iG: Há alguns anos tínhamos um mito de que os custos da energia eólica eram muito altos. Isso é verdade ou apenas um mito?
Sawyer: É o custo do aprendizado tecnológico. Cada vez que dobramos a capacidade total instalada em uma companhia, os custos tecnológicos caem em torno de 10%. Essa é uma boa teoria e, em geral, ela provavelmente é verdadeira. Mas não leva em conta uma série de coisas, como a baixa demanda das empresas de energia ou o preço das commodities.
O preço da tecnologia tem caído muito por conta do processo de produção, da eficiência que as geradoras têm conseguido. Tivemos um pico de custos em 2007, quando a indústria estava realmente no auge, a demanda estava muito maior que a capacidade, processo que foi interrompido com a quebra do Lehman Brothers (em 2008). Agora os preços voltaram a subir novamente.
iG: Você já conhece nossas fazendas geradoras?
Sawyer: Algumas delas. Para mim, o Brasil tem uma das melhores condições de vento no mundo, particularmente na costa do Nordeste. Há vento muito forte em toda a costa, sem muitas turbulências, com poucas tempestades. Então está entre as melhores condições no mundo.
Há várias maneiras de medir o vento como fonte de energia. A taxa de geração de energia de uma turbina de um megawatt é aproximadamente 27% da capacidade plena por ano, na média de diversas usinas no mundo. Porque o vento sopra o tempo todo, mas nem sempre a turbina consegue chegar à sua capacidade total. No Brasil há locais em que essa taxa chega a 45% ou 50%. Pode-se dizer que os melhores locais estão no Ceará e no Rio Grande do Norte, com duas vezes mais capacidade de geração que na Alemanha. 

iG: A produção de energia eólica do Brasil é significativa se comparada às outras fontes? O que você prevê para a produção do País?
Sawyer: Não sei exatamente, mas é menos de 1% do total das fontes. As previsões dependem de uma série de fatores, como quanto o Brasil continuará crescendo, se 5%, 6% ou 7%, como no último ano; quanto será a demanda para a energia elétrica e para a eólica e para a proveniente do gás e da biomassa; além de quanto será investido em cada uma delas.
Mas não vejo razão de o Brasil não alcançar em energia eólica de 15% a 20% de toda a capacidade de geração instalada até 2020, se as condições ajudarem, fornecendo de 8% a 10% de toda a energia elétrica. Mas isso depende de decisões políticas e de decisões de investimento.